Pelo menos uma das
fotos usadas pela campanha "Bring Back Our Girls" não é de uma rapariga
nigeriana, mas de uma adolescente de 13 anos da Guiné-Bissau fotografada
por Ami Vitale, em 2011.
"Apoio totalmente as
raparigas e a campanha, mas usar imagens de pessoas que nada tem a ver
com o caso, e portanto dar uma imagem falsa, não ajuda as raparigas
raptadas na Nigéria, nem as raparigas da Guiné-Bissau", disse à agência
Lusa, por email, a fotógrafa Ami Vitale, autora das fotografias
inicialmente usadas na campanha.
Quando detectou o uso
indevido das imagens, Ami Vitale contactou as pessoas que divulgaram
inicialmente a "Bring Back Our Girls" para impedir a difusão.
Em Abril, o grupo
fundamentalista islâmico raptou 276 raparigas, cristãs e muçulmanas, de
uma escola em Chibok, no norte da Nigéria. Até agora, 223 jovens
continuam desaparecidas.
"Estas fotos nada têm a
ver com as raparigas que foram raptadas. Estas raparigas [nas imagens
usadas] são da Guiné-Bissau, e a história que retratei é sobre algo
completamente diferente. Elas nada têm a ver com estes raptos terríveis.
Consegue imaginar a imagem de uma filha usada em todo o mundo como o
rosto de tráfico sexual?", disse Ami Vitale, na semana passada, num
blogue do jornal norte-americano New York Times (NYT).
"Isto é informação
errada (...) conheço estas raparigas, as famílias, que ficariam muito
chocadas por verem as imagens das filhas, espalhadas por todo o mundo
como o rosto de uma situação horrível", acrescentou.
As raparigas das fotos usadas "não são vítimas", afirmou.
"Usar estas imagens
como se fossem vítimas não é verdade. A história que fiz era uma
história de esperança", de acordo com as declarações ao blogue "Lens" do
NYT.
A campanha mundial,
iniciada na Nigéria através da rede social de mensagens instantâneas
'Twitter', 'Bring Back Our Girls', pretende chamar a atenção para a
situação no país e salvar as raparigas sequestradas.
Ativo há cinco anos, o Boko Haram foi responsabilizado por mais de 1.500 mortos, só este ano, de acordo com as autoridades nigerianas.
Ativo há cinco anos, o Boko Haram foi responsabilizado por mais de 1.500 mortos, só este ano, de acordo com as autoridades nigerianas.
A fotógrafa
norte-americana Ami Vitale trabalha com a revista National Geographic e o
seu trabalho já foi publicado em muitas outras publicações, como
Adventure, Geo, Newsweek, Time, Smithsonian. Vitale conquistou vários
prémios de diferentes organizações, como a World Press Photos, Lowell
Thomas, Lucie, Daniel Pearl e o prémio Magazine Photographer of the
Year, entre outros.
Recentemente, Ami
Vitale tem colaborado com a organização Ripple Effect Images, que
procura ilustrar os problemas específicos das mulheres nos países em
desenvolvimento e os programas que as podem ajudar.
Fonte: Lusa
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